quarta-feira, 9 de novembro de 2011

CURRRÍCULO de Adelino Frazão


CURRÍCULUM PROFISSIONAL
Francisco Adelino de Sousa Frazão
Francisco Adelino de Sousa Frazão possui graduação em Educação Artística com Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Piauí (2003).
Especialista em Docência Superior pela Universidade Estadual do Piauí (2011).
Atualmente professor da Escola Técnica de Teatro Professor Gomes Campos em Teresina-Piauí.

 
 
Contatos 

Telefone pessoal: (86) 3236-7290/9932-7132

Endereço eletrônico: e-mail para contato: adelinofrazao@hotmail.com

Formação Acadêmica



Especialista em Docência Superior – 2011;


Graduado em Educação Artística com HABILITAÇÃO EM MÚSICA em 2003 pela Universidade Federal do Piauí (UFPI)-2003;

Técnico em Eletrônica pelo CFET- 1997;

Experiência Profissional



1.     Professor de Música do IFPI:

ü Disciplinas ministradas:

- História da Música I e II;

- Violão I, II e III;

ü Período: desde abril de 2009 até março de 2011

2.             Professor de Artes/Música da Secretaria Estadual da Educação e Cultura (SEDUC), DESDE FEVEREIRO DE 2006 ATÉ OS DIAS ATUAIS, onde exerce/exerceu a experiência docente nas seguintes Unidades Escolares:

Ø Professor de Música da Escola de Teatro Professor Gomes Campos

ü    Disciplinas ministradas:

- Introdução à Música;

- Apreciação Musical;

- Expressão vocal: fala e canto;

- Prática coral;

- Sonorização e Sonoplastia do Teatro;

ü Período: desde abril de 2009 até os dias atuais;


Ø Professor de Artes/Música da Unidade Escolar Professor Pires de Castro, de fevereiro de 2008 até agosto de 2009;


Ø Professor de Artes/Música da Unidade Escolar Professor Edgar Tito, de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2008;


3.             Produtor Musical do Paraíba Popstar;


4.             Microempresário: Proprietário de home studio e produtor Musical de Cantores e Bandas;


5.             Musicografista: Escrita e Edição de Partituras (Finale);


6.             Co-produção de diversos espetáculos de Luiza Miranda junto a apresentações temáticas de caráter didático em instituições educacionais;


7.           Atua como: Cantor, violonista, guitarrista, baixista, compositor, produtor musical desenvolvendo trabahos com vários artistas de renome dentro do estado do Piauí, tais com: Luiza Miranda, Aurélio Mello, Vavá Ribeiro, Gilvan Santos, Soraia Castelo Branco, Vanda Queiroz, Banda Mary Jane, Bruno Farias, Humberto Barbosa, etc.


8.           Professor de Técnica Vocal para coro e coral: Trabalhou com Grupo Revive, Musivida, Shalon, etc.


9.              Professor de Música para alunos especiais (experiência profissional anterior ao concurso da SEDUC);

Período: anos letivos de 2000 a 2002 (dois anos)

Local: Centro de Habilitação Ana Cordeiro.


10.        Monitor da disciplina LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA E MÚSICA do Departamento de Educação Artística- CCE – 1º período de 2001(UFPI);


11.         Professor participante do projeto itinerante “CARA ALEGRE DO PIAUÍ”, ministrando oficinas de técnica vocal desde 2010;

Atividades de Pesquisa: Projeto de Pesquisa Financiada




·                Exerceu função de colaborador ao ser Ministrante da Oficina de Técnica Vocal da I SEMANA NOÊMIA VARELA: O Ensino de Arte no Brasil e Suas Histórias.

Período: 09 a 23 de junho de 2006 (totalizando 40 horas)

Local: Universidade Federal do Piauí 

·        Atualmente faz parte do NUPEMUS- Núcleo de pesquisa em Música da UFPI;

Cursos Extras



Inglês para Mestrado – SENAC – 2011;

Formado em Eletrônica, ensino profissional/nível técnico 1997 (Escola Técnica Federal do Piauí).

Montagem e manutenção de computadores - 2004(SENAC)




terça-feira, 8 de novembro de 2011


Adelino Frazão- Possibilidades do Desenvolvimento Histórico do Violão
O objetivo deste artigo é o de discutir as possibilidades de desenvolvimento histórico do violão no Ocidente e sua difusão pelo mundo.

A busca pela explicação do desenvolvimento do instrumento musical violão nos leva a uma investigação minuciosa e crítica de uma literatura que se baseia em imagens que remontam que remontam os tempos da antiga Babilônia. Arqueólogos descobriram placas de barro com figuras seminuas tocando instrumentos musicais com algumas características semelhantes ao violão atual. Há uma estima que estes desenhos e/ou esculturas foram produzidos por volta de 1900-1800 a.C.
No entanto, um exame mais detalhado e criterioso nos mostra que há diferenças significativas no corpo e no braço deste instrumento em relação ao violão. O fundo é chato, deixando clara a sua não relação com o alaúde, de fundo côncavo. As suas cordas são pulsadas (dedilhadas ou rasgueadas) com a mão direita, e o número de cordas não dá para definir ao certo, sendo que em algumas placas pelo menos duas cordas são visíveis.
Também temos relatos sobre instrumentos semelhantes ao violão no Egito, Assíria, Susa e Luristan.
Dos primeiros instrumentos de cordas que encontramos na nossa pesquisa podemos destacar foi a Lira, o saltério e a harpa, que eram usados pelos antigos Egípcios e Gregos.

Pintura Egípcia que mostra exemplos de instrumentos cordofônicos;
Apolo com a sua lira, na cultura grega.
(Woman playing lyre, 1913 photo.
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No Egito, o único instrumento de cordas pulsadas ou dedilhadas era a HARPA de formato côncavo, que logo depois foi acrescentado a este instrumento, um braço com trastes cuidadosamente marcados e cordas feitas de tripa animal. Pouco tempo depois estas características se combinariam e evoluíram para um instrumento ainda mais próximo do violão.
Em Roma, um instrumento totalmente de madeira surge (30 a.C-400 d.C). O tampo que antes era de couro cru (semelhante ao banjo) agora é de madeira e possui cinco buracos. É importante frisar que nas catacumbas egípcias foram encontrados instrumentos com leves curvas características do violão. 
 
 



                                Cítara                               

                                                                                          Adaptação moderna da Khitara

O primeiro instrumento de cordas europeu, de origem medieval data de 300 anos depois de cristo, e possuía um corpo arredondado que se interligava com um braço de grande comprimento. Este tipo de instrumento foi utilizado por muitos anos e foi o antepassado provavelmente da teorba.
Há também a descrição de outro instrumento datado da Dinastia Carolingian que pode ser de origem tanto alemã como francesa. Este instrumento possuía formato retangular e seu corpo era equivalente ao seu braço.
Em ilustrações pode se observar que na “mão” do instrumento ( de formato arredondado) se encontravam de quatro e as vezes cinco tarraxas de afinação, com um número de cordas equivalente. Este instrumento manteve seu formato e suas definições até o século quatorze. 
Paralelamente á este instrumento, outro começou a se desenvolver. Possuía leves curvas nas laterais do corpo tornando-o mais anatômico e confortável. Descrições deste instrumento foram encontradas em catedrais inglesas, espanholas e francesas datadas do fim do século quatorze. Surgia então a guitarra.
É importante frisar que haviam distinções, como a guitarra Latina e a guitarra Morisca. A guitarra Morisca , como o nome indica, tinha origem Moura, devido a colonização da Espanha e da África do Norte.
Este instrumento possuía um corpo oval e o tampo possuía vários furos ornamentados chamados de Rosetas. Era totalmente remanescente do Alaúde, e dentro deste conceito uma série de outros modelos, com diferentes números de cordas também existiam.
Já a guitarra Latina, tinha as curvas nas laterais do corpo que marcariam o desenho já quase definitivo do instrumento. A guitarra latina (assim como a Morisca) gozavam de grande popularidade e gosto na Europa Medieval.
Essa popularidade se devia principalmente a presença dos “Trovadores”, músicos de natureza nômade que com suas performances e constantes viagens enriqueceram a cultura européia e impulsionaram a popularidade e reconhecimento do instrumento.
Até a Idade Média as informações sobre a guitarra eram obtidas de maneira indireta na sua maioria, através de afrescos, pinturas e pequenas anotações da época. A partir do período Barroco, as informações sobre instrumentos em geral e sobre música são muito mais claras e precisas.
Embora não seja bem definida, pois existem segundo musicólogos várias teorias para o sua criação, hodiernamente apresentam-se duas, citadas por Emílio Pujol na sua conferência de nome “La guitarra y su História” que ocorreu em Paris no dia 9 de Novembro de 1928, onde resolveu que:
A primeira hipótese é de que o violão seria derivado da chamada “Khetara grega”, que com o domínio do Império Romano, passou a se chamar “Cítara Romana”, era também denominada de “Fidícula”.
Teria chegado á península Ibérica por volta do século I d.C. com os romanos; este instrumento se assemelhava á “Lira” e, posteriormente foram acontecendo as seguintes transformações: os seus braços dispostos da forma da lira foram se unindo, formando uma caixa de ressonância, a qual foi acrescentado um braço de três cravelhas e três cordas, e a esse braço foram feitas divisões transversais (trastes) para que se pudesse obter de uma mesma corda a ser tocado na posição horizontal, com o que ficam estabelecidas as principais características do Violão.
A segunda hipótese é de que o Violão seria derivado do antigo “Alaúde Árabe” que foi levado para a península Ibérica através das invasões muçulmanas, sob o comando de Tariz.
Os mouros islamizados do Maghreb penetraram na Espanha cerca de (711) e conseguiram vencer o rei visigodo Rodrigo, na batalha de Guadalete. A conquista da península (711-718) formou um emirado subordinado ao califado de Bagdá.
O Alaúde Árabe que penetrou na península na época das invasões foi um instrumento que se adaptou perfeitamente ás atividades culturais da época e, em pouco tempo, fazia parte das atividades da côrte. Acreditava-se que desde o século VIII tanto o instrumento de origem grega como o Alaúde Árabe viveram mutuamente na Espanha.
Isso podemos comprovar pelas descrições feitas no século XIII, por Afonso, o sábio, rei de Castela e Leão (1221-1284), que era um trovador e escreveu célebres cantigas através das ilustrações descritas nas cantigas de Santa Maria, que se pode pela primeira vez comprovar que no século XIII existiram dois instrumentos distintos convivendo juntos.
O primeiro era chamado de “Guitarra Moura” e era derivado do Alaúde Árabe. Este instrumento possuía três pares de cordas e era tocado com um plectro (espécie de palheta); possuía um som ruidoso. O outro era chamado de “Guitarra Latina”, derivado da Khetara Grega e era dedilhada ou executada com os dedos.
Ele tinha o formato de oito com incrustações laterais, o fundo era plano e possuía quatro pares de cordas. Era tocado com os dedos e seu som era suave, sendo que o primeiro estava nas mãos de um instrumentista árabe e o segundo, de um instrumentista romano.
Isso mostra claramente as origens bem distintas dos instrumentos, uma árabe e a outra grega; que coexistiram nessa época na Espanha. Observa-se, portanto, como a origem e a evolução do Violão estiveram intimamente ligadas á Espanha e a sua história.
Em outros países de língua não portuguesa o nome do Violão é guitarra, como pode se ver em inglês (Guitar), francês (Guitare), alemão (Gitarre), italiano (Chitarra), espanhol (Guitarra).
Aqui no Brasil especificamente quando se fala em guitarra quer se denominar o instrumento elétrico chamado Guitarra Elétrica. Isso ocorre porque os portugueses possuem um instrumento que se assemelha muito ao Violão e que seria atualmente equivalente à nossa “Viola Caipira”.
A Viola portuguesa possui as mesmas formas e características do Violão, sendo apenas pouco menor, portanto, quando os portugueses se depararam com a guitarra (Espanhol), que era igual a sua viola sendo apenas maior, colocaram o nome do instrumento no aumentativo, ou seja, Viola para Violão.
Recapitulando, o desenvolvimento do violão remonta a uma antiga origem comum a vários instrumentos cordofônicos então conhecidos na Ásia Central e Índia[1].
Os musicólogos ou pesquisadores em música, quando falam sobre a origem e desenvolvimento da guitarra (violão), citam duas hipóteses prováveis sobre a origem desse instrumento musical. Uma delas é a de que o violão tenha sido derivado do alaúde Caldeu-Assírio que os Egípcios, os Persas e os Árabes levaram junto para a Espanha; a outra hipótese é de que o violão sofreu diversas transformações e adaptações a partir de um instrumento grego denominado Kethara Grega ou Assíria (que foi precursora da Cítara ou Fidícula romana), da Rotta ou Crotta medieval inglesa e, finalmente, da Vihuela que surgiu na Espanha no Século XVI.
No entanto, é provável que quando os árabes chegaram à Espanha com seus Alaúdes, teriam encontrado lá a vihuela.
Na análise das Cantigas de Santa Maria, do rei Alfonso X, denominado de El Sábio (1221 – 1284), rei de Castela no período de 1221 a 1284, vemos que aparecem ilustrações de dois tipos diferentes de guitarra, uma oval, com incrustações e desenhos Árabes, mas sendo tocada, por um músico Mouro, o que seria a guitarra mourisca; já outra na forma do número oito, com incrustações laterais, tocada por um músico de feições romanas, que seria a guitarra latina ou o precursor do violão.
No século XIV, Guillaume de Machault cita em suas obras a guitarra mourisca e a guitarra latina no século XVI na Espanha, a guitarra mourisca, com quatro pares de cordas, era usada para acompanhar cantos e danças populares, enquanto que a guitarra latina – a vihuela, pertencia ao músico culto da corte.
A Vihuela tinha três denominações distintas: vihuela de mano (em nada diferente do violão atual), vihuela de arco e vihuela de plectro.
A Vihuela de mano constava de cinco pares de cordas mais a primeira que era simples, totalizando 11 cordas. Os vihuelistas além de precursores dos guitarristas do século XVII foram também criadores de métodos e formas musicais que serviriam de base para toda a música instrumental, para o instrumento, que viria depois.
Vihuela



A Vihuela veio a desaparecer devido à busca de “novos recursos” e maior “intensidade sonora”. O povo, porém fiel à guitarra, continua descobrindo novos caminhos para ela, utilizando-a inicialmente para os rasgueados e acompanhamento do canto. Devido ao seu grande uso na Espanha, a guitarra passa a ser conhecida nos demais países como Guitarra Espanhola, sendo que o seu período de triunfo ocorrerá no século XVII.

                                                      Alaúde e Vihuela

O alaúde

Os Músicos de Caravaggio.

O alaúde é um instrumento de cordas que possui uma escala separada por trastes na parte frontal do braço e um fundo abaulado. A palavra “alaúde” (ing. “lute”) é de descendência árabe al’ud, “a madeira”.

   CARAVAGGIO, A alaudista, c. 1600.
                                                                                                                                 Alaúde
O tampo (frente do instrumento) é uma tábua fina e plana de madeira ressonante, normalmente tem também um único “buraco” abaixo das cordas, chamado de “roseta”, contudo, podem existir alaúdes raros que apresentam várias rosetas. A roseta do alaúde pode apresentar desenhos entrelaçados ou amarrados esculpidos diretamente na madeira do tampo.
Na parte de trás, o alaúde é unido por tiras finas de madeira chamadas de “costelas”, no molde de tiras de cascas de banana e unidas na extremidade para formar o fundo arredondado do instrumento.
O braço (parte posterior) é feito de madeira clara e a escala (parte anterior) é fabricada de um tipo de madeira mais dura, o que permite maior durabilidade ao atrito dos dedos e das cordas.
As “cravelhas”, que servem para afinar o alaúde, eram dispostas num ângulo de 90º em relação ao braço, antes da era barroca. As cravelhas de afinação são de madeira e fixam a afinação por fricção, pelo fato de serem um pouco afiladas.
Os “trastes” eram feitos de tripas de animais, geralmente de macaco que se dispunham ao longo do braço. Eles desfiam e estragam com o uso e precisam de substituição freqüente.
Existem várias configurações de alaúde no que diz respeito à quantidade de cordas. Normalmente, elas são organizadas em pares, sendo que a mais aguda geralmente aparece sozinha, chamada de “chantrelle” (fran. “para o cantor”).
O alaúde é um instrumento leve para o seu tamanho. O uso de cavilhas e correia de ombro são recentes, pois nas ilustrações históricas podemos observar o instrumento sendo executado com o apoio somente dos braços.
O alaúde é de origem árabe e apareceu no Ocidente, mais precisamente na Espanha. Depois disso, popularizou-se pela Europa no período da Idade Média, provavelmente veio transportado por trovadores, menestréis, jograis ou viajantes.
  
Os sarracenos trouxeram o alaúde para a Silícia antes de 1140, quando é retratado em pinturas de teto na Cappella Palatia real em Palermo. No Séc. XV era difundida na Itália e Alemanha.
Este alaúde medieval tinha configuração de 4 ou 5 pares de cosdas e eram executados com uma pena como plectro (palheta).
Haviam também vários tamanhos na sua fabricação. No final do Renascimento, sete tamanhos diferentes são documentados.
A função principal do alaúde na idade média era a de acompanhar o canto popular ou secular, e a composição para este instrumento girava em torno da imitação da melodia principal ou do contraponto.

              
                                                                           Teorba

                   
Alaúde
O Violão no Brasil

A VIOLA, instrumento de dez cordas ou 5 cordas duplas, precursor do violão e popularíssima em Portugal, foi introduzida no Brasil pelos jesuítas portugueses, que a utilizavam na catequese. Já no século XVII, referências são feitas á viola em São Paulo, uma delas colhida por Mário de Andrade: “Em 1688 surge uma certa viola avaliada em dois mil réis, preço enorme para o tempo”.
E, diga-se de passagem, esta guitarra pertenceu a um dos mais notáveis bandeirantes do século XVII: Sebastião Paes de Barros.”
Ainda na mesma obra, Mário de Andrade cita Cornélio Pires, para quem a viola é um dos instrumentos que acompanha as danças populares de São Paulo. A confusão entre a viola e violão começa em meados do século XIX, quando a viola é usada com uma afinação própria do violão, isto é, lá, ré, sol, si, mi.
A confusão no uso do termo viola/violão, continua nessa época como atesta Manuel Antônio de Almeida, autor da Memórias de um Sargento de Milícias (1854-55), quando se refere muitas vezes com terminologia da época do final da colônia, á viola em vez de violão ou guitarra sempre que trata de designar o instrumento urbano com o qual se acompanhava as modinhas.
A viola, hoje, tornou-se a viola-caipira, instrumento típico do interior do país, e o violão, depois de ter sua forma atual estabelecida no final do século XIX, tornou-se um instrumento essencialmente urbano no Brasil. O violão também tornou-se o instrumento favorito para o acompanhamento da voz, como no caso das modinhas, e, na música instrumental, juntamente com a flauta e o cavaquinho, formou a base do conjunto do choro.
Por ser usado basicamente na música popular e pelo povo, o violão adquiriu má fama, instrumento de boêmios, presente entre seresteiros, chorões, tornando-se sinônimo de malandragem. Assim o violão foi considerado durante anos.

              
Os primeiros a cultivar o instrumento de uma maneira séria foram considerados verdadeiros heróis.
O engenheiro Clementino Lisboa foi o primeiro a se apresentar em público tocando violão, especialmente no Clube Mozart, o centro musical da elite carioca fin-de-siècle. Ainda algumas figuras proeminentes da sociedade carioca dedicaram-se ao instrumento na tentativa de reerguê-lo, tal é o caso do desembargador Itabaiana, do escritor Melo Morais e dos professores Ernani Figueiredo e Alfredo Imenes.
Um dos precursores do violão moderno no Brasil foi Joaquim Santos (1873-1935) ou Quincas Laranjeiras, fundador da revista O Violão em 1928, e que nos últimos anos de vida dedicou-se a ensinar o violão pelo método de Tárrega.
Uns anos antes, 1917, Augustin Barrios se apresenta em uma série de recitais no Rio de Janeiro, tocando o instrumento de uma forma nunca vista/ouvida antes. Segue-se a tournée de Josefina Robledo, que tendo permanecido aqui por algum tempo, estabelece os fundamentos da escola de Tárrega.
Dessa época destaca-se a agora reconhecida obra de João Teixeira Guimarães (1883-1947) ou João Pernambuco, sobre quem Villa-Lobos dizia, a respeito de suas obras: “Bach não teria vergonha de assiná-las como suas.”
Atualmente a obra de João Pernambuco é bem conhecida graças ao trabalho de Turíbio Santos e Henrique Pinto.
Aníbal Augusto Sardinha (1915-1955), o Garoto, foi um dos precursores da bossa-nova. Atualmente as excelentes obras de Garoto ganharam vida nova, graças a Paulo Bellinati, que recuperou, editou e gravou boa parte de sua obra.
Mencionamos o samba-exaltação Lamentos do Morro, os choros Tristezas de um violão, Sinal dos Tempos, Jorge do Fusa e Enigma, e a Debussyana, entre tantas outras. Ainda na linha da música popular destacam-se Américo Jacomino (1916-1977), Nicanor Teixeira, e mais recentemente a figura de Egberto Gismonti com suas obras Central Guitare e Variations pour Guitare (1970), ambas de caráter experimental.
Também Paulo Bellinati realiza excelente trabalho como compositor, obras como Jongo, Um Amor de Valsa e Valsa Brilhante já ganharam notoriedade.
O violão no Brasil passou a se desenvolver, principalmente, em dois grandes centros, Rio e São Paulo, de onde vem a maioria dos grandes violonistas brasileiros, que tiveram ou têm sua formação instrumental com os professores destas cidades.
Em São Paulo, o excepcional trabalho desenvolvido pelo violonista uruguaio Isaías Savio (1900-1977), que teve sua formação violonística com Miguel Llobet, resultou em uma das melhores escolas de violonistas da América do Sul.
Depois de residir na Argentina, Savio radicou-se definitivamente no Brasil, primeiro no Rio, depois em São Paulo. Nesta cidade, onde desenvolveu a maior parte do seu trabalho, fundou a Associação Cultural Violonística Brasileira, e em 1947 tornou-se professor de violão do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, como fundador da cadeira de violão, a primeira do país.
Ainda em 1951, participou da fundação da Associação Cultural de Violão de São Paulo. Além desta intensa atividade, Savio se distinguiu pela composição de mais de 100 obras para o instrumento e cerca de 300 transcrições e revisões.
Hoje em dia suas compilações de estudos ainda são usadas em muitas escolas por todo o país.
Entre os discípulos de Savio que mais se destacaram está Antonio Carlos Barbosa-Lima (1944), que aos 13 anos estreou como concertista e aos 14 gravou seu primeiro LP.
Barbosa-Lima é na atualidade um dos mais conceituados violonistas, tanto em concertos, como na edição, transcrição e comissão de novas obras para o instrumento. Basta dizer que a Sonata op. 47 de Alberto Ginastera foi por ele comissionada e a ele dedicada.
Henrique Pinto, também aluno de Savio, é reconhecidamente um dos mais importantes pedagogos do instrumento na atualidade. Além de desenvolver uma grande atividade como editor e revisor de obras para violão, Henrique é o responsável por uma geração dos melhores violonistas brasileiros. Entre estes estão: Angela Muner, Jácomo Bartoloni, Edelton Gloeden, Ewerton Gloeden e Paulo Porto Alegre.
       
Ainda de São Paulo devemos citar a Manoel São Marcos e sua filha Maria Lívia São Marcos, radicada na Europa, e Pedro Cameron, também compositor de excelentes obras como Repentes, vencedora do 1º Concurso Brasileiro de Composição de Música Erudita para piano ou violão – 1978.
No Rio, destaca-se a figura de Antonio Rebelo (1902-1965), que também foi aluno de Savio quando da residência deste no Rio. Rebelo desenvolveu atividades como docente, impulsionando o violão na cena musical.
Entre seus discípulos estão Jodacil Damasceno, Turíbio Santos, Sérgio e Eduardo Abreu.
Jodacil Damasceno (1929), além dos estudos com Rebelo, estudou com Oscar Cáceres.
Turíbio Santos (1943), também estudou com estes dois mestres e com Julian Bream e Andrés Segóvia. Santos foi o primeiro brasileiro a vencer, em 1965, o Concurso Internacional de Violão da O.R.T.F., em Paris.
Fez a primeira gravação integral dos doze Estudos de Villa-Lobos e participou da estréia mundial do Sexteto Místico, também de Villa-Lobos.
Turíbio é um dos maiores divulgadores da obra do grande compositor brasileiro e hoje dirije o Museu Villa-Lobos no Rio.
Os irmãos Abreu, Sérgio (1948) e Eduardo (1949), desenvolveram uma das mais brilhantes carreiras de concertistas internacionais. Ambos estudaram com seu avô Antonio Rebelo e com Adolfina Raitzin de Távora.
Foram premiados, em 1967, no Concurso Internacional de Violão da O.R.T.F.. Realizaram inúmeras gravações na Inglaterra, e se destacaram como um dos melhores duos de violão de todos os tempos.
Atualmente, Sérgio dedica-se á construção de violões. Ainda devemos mencionar outros violonistas cariocas como Léo Soares, Nicolas Barros, Marcelo Kayath, também premiado em Paris, e o brilhante Duo Assad, formado pelos irmãos Sérgio e Odair.
A música brasileira para violão tem se desenvolvido, praticamente, á sombra da excepcional, embora pequena, obra de Villa-Lobos, que continua sendo a mais conhecida nos meios violonísticos nacionais e internacionais. Alguns compositores tentaram reprisar o sucesso dos 12 estudos.
Este é o caso de Francisco Mignone (1897-1986), que com sua série de 12 Estudos (1970), dedicados e gravados por Barbosa-Lima, não obteve o sucesso musical almejado.
Já o mineiro Carlos Alberto Pinto Fonseca (1943), compôs Seven Brazilian Etudes (1972), também dedicados a Barbosa-Lima, nos quais demonstra um nacionalismo e lirismo da mais pura escola nacionalista.
O compositor paulista Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993), uma das figuras mais proeminentes da música brasileira escreveu pouco, mas bem, para violão. O Ponteio (1944), dedicada e estreada por Abel Carlevaro, a Valsa-Choro e os três pequenos Estudos, apresentam-se com uma linguagem mais livre da influência da obra violonística de Villa-Lobos.
Mais original quanto a sua linguagem musical é a obra de Radamés Gnatalli (1906-1988).
A forte ligação de Gnatalli á música popular brasileira é claramente visível em várias de suas obras que misturam a música urbana carioca a uma refinada técnica e musicalidade.
Das suas obras para violão, destacam-se os vários concertos para violão e suíte Retratos para dois violões, Sonata para violoncelo e violão e a Sonatina para violão e cravo, além da inclusão do violão em várias obras para grupo instrumental de caráter regionalista.
Edino Krieger (1928) compôs uma das mais importantes obras para o repertório dos últimos tempos. A Ritmata (1975), dedicada a Turíbio Santos, explora novos efeitos instrumentais e associa uma linguagem atonal a procedimentos técnicos utilizados por Villa-Lobos.
A obra de Almeida Prado (1943) Livro para seis cordas (1974) apresenta uma concepção musical originalíssima livre de qualquer influência violonística tradicional e que delineia bem o estilo deste compositor; esta obra ainda apresenta certas semelhanças com as Cartas Celestes (1974) para piano quanto á sua concepção sonora.
Marlos Nobre (1939) tem na série Momentos a sua obra mais importante para violão. Escrita a pedido de Turíbio Santos e projetada para 12 números, os primeiros quatro foram escritos entre 1974 e 1982.
Ainda de Nobre destaca-se a Homenagem a Villa-Lobos e Prólogo e Toccata op. 65. Para dois violões, Marlos Nobre recriou 3 Ciclos Nordestinos dos originais para piano, ótimas obras miniaturas que utilizam motivos do folclore nordestino.
Ricardo Tacuchian (1939) escreveu Lúdica I (1981), dedicada a Turíbio Santos, em que apresenta uma linguagem contemporânea com toques de nacionalismo e efeitos sonoros os mais diversos.
A sua Lúdica II (1984), escrita em homenagem a Hans J. Koellreutter, é uma obra mais tradicional quanto á sua concepção sonora. Jorge Antunes (1942) escreveu Sighs (1976), na qual o autos requer uma afinação especial para o segundo movimento, uma invenção em torno da nota si.
Lina Pires de Campos escreveu o excelente Ponteio e Toccatina (1978), obra premiada no 1º Concurso Brasileiro de Composição de Música Erudita para Piano ou Violão – 1978.
Deste mesmo evento surgiram novas obras, como o já mencionado repentes de Pedro Cameron, a Suíte Quadrada de Nestor de Holanda Cavalcanti e o ótima Verdades de Márcio Cortes.
Ainda cabe aqui mecionar a obra do boliviano, radicado e ligado a Curitiba e ao Brasil durante anos, Jaime Zenamon (1953), dono de uma excelente e prolífica produção para o instrumento que tem sido extremamente bem aceita nos meios violonísticos internacionais.
Entre suas obras destacam-se Reflexões 7, Demian, The Black Widow, Iguaçu para violão e orquestra, Reflexões 6 para violoncelo e violão, e a Sonatina Andina para dois violões.
Conclusão
Esta pesquisa se configura como um auxílio ao entendimento de como: historiadores, musicólogos e pesquisadores em música chegaram à noção da origem e desenvolvimento do violão.
Contudo, chegamos a uma idéia de que este desenvolvimento te uma raiz bem mais complexa, ou seja, não podemos ter uma concepção de linearidade evolucionista no que diz respeito aos instrumentos cordofônicos.
Além do mais, não poderíamos dizer que uma categoria de instrumento é “melhor ou pior”, podemos dizer que são peculiarmente diferentes.
Concluímos que houveram diferentes configurações de instrumentos cordofônicos “dedilhados, arpejados, plectrados ou rasgueados”, semelhantes ao violão, que assumiram características diferentes devido ao: virtuosismo do violonista, da técnica de produção do luthier, da matéria prima e ferramentas artesanais ou industriais, acústica e muitos aspectos que podem ter influenciado o uso, aceitação e difusão de tais instrumentos.
Esperamos que este estudo seja de grande proveito aos estudantes e curiosos a respeito do violão, e até o próximo artigo.
Abraços!!!

Referências Bibliográficas:

NOGUEIRA, Eduardo Fleury. A Evolução do Violão na História da Múscica. São Paulo: 1991.
DUDEQUE, Norton. História do Violão. Curitiba: 1958.
COSTA, Camila Pastor da. O violão de seis cordas na sua função de Instrumento acompanhador do samba urbano do Rio de janeiro. Monografia apresentada para a conclusão do curso de Licenciatura Plena em Educação Artística – Habilitação em Música do Instituto Villa-Lobos. Rio de Janeiro: UNIRIO- 2006.
SOUZA, Henrique Almeida M. O violão brasileiro nas primeiras décadas do século XX. Monografia (Curso de Licenciatura em Música) – Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.



 



[1] MARCELO MELLO (ORG.) – Uma breve história do violão.